"Toda instituição é a sombra alongada de um homem" – com esta
frase do filósofo, poeta e escritor R.W. Emerson (1803-1882) fizemos um
retrospecto, publicado aqui neste blog, sobre os homens que emprestaram sua
sombra à Associação Brasileira de Imprensa para fazer dela o que, de longe,
ainda reconhecemos. O jornalista e escritor Fernando Segismundo, que por duas
vezes assumiu os rumos da entidade ((1977/1978 - 2000/2004), definiu a missão
da ABI de maneira ideal em 1969, quando disse que “além das finalidades
fundamentais, a associação deve interpretar o pensamento, as aspirações, os
reclamos, a expressão cultural e cívica de nossa imprensa; preservar a
dignidade profissional dos jornalistas - e não apenas a de seus sócios;
acautelar os interesses da classe; estimular entre os jornalistas o sentimento
de defesa do patrimônio cultural e material da Pátria; realçar a atuação da
imprensa nos fatos da nossa história; e colaborar em tudo que diga respeito ao
desenvolvimento intelectual do País”.
Para cumprir uma missão tão densa, sem
deixar-se levar por sentimentos menores e com clareza de avaliação, é preciso
ter, antes de tudo, desprendimento, cujos sinônimos são abnegação, altruísmo,
independência. A sombra alongada
dos que deram à entidade a estatura que ela ainda porta vem-se encolhendo com o
passar do tempo e deformando sua imagem – o pior dos momentos sem dúvida é este
que a Casa está experimentando agora. A ABI está passando por uma crise
estrutural e de credibilidade que drena o pouco que lhe resta de prestígio
junto à classe jornalística e à sociedade brasileira. A Justiça, que sempre foi
provocada pela entidade para defender os legítimos anseios do povo brasileiro, agora
teve que se manifestar para defender a ABI de si mesma.
O
momento é de crise sim, mas é também a oportunidade de uma revisão profunda
para sanar problemas que tem sido postergados – um deles, a renovação do quadro
de associados e de membros das instâncias decisórias da Casa, chamando as
gerações mais jovens de jornalistas a darem sua contribuição e emprestarem suas
sombras para a construção de uma ABI para e com futuro. O exemplo de Barbosa
Lima Sobrinho, que conduziu a entidade por três mandatos, o último indo de 1978
até sua morte aos 103 anos, em 2000, não pode ser contemplado apenas pela exceção
de longevidade, mas pelo compromisso do homem que emprestou não apenas a
sombra, mas todos os seus dias a uma causa da qual a ABI era apenas o
instrumento.
Não deve a ABI ser confundida com um prêmio de consolação aos que
consideram-se merecedores de um reconhecimento, seja pessoal ou profissional,
que não lhes foi concedido ao longo do tempo. Ao refletir sobre isso, podemos entender a luta encarniçada
daqueles que a Justiça mandou afastar dos postos de comando da ABI, em sentença
proferida de forma grave - é que para moldar-lhes a sombra encolhida, curvada, era
preciso que a Casa se apequenasse. Agora, diante da crise que nos convida à
mudança, teremos a real dimensão do mal que vem corrompendo a entidade nestes
anos recentes.
A luta está em curso – ou a ABI se levanta e se renova, ou será
apenas a sombra de si mesma a se desfazer no tempo. Os jornalistas que formam a Chapa Vladimir Herzog, empunhando a bandeira da mudança, convocam aqueles que acreditam que com os instrumentos do ofício de jornalistas podemos contribuir para a construção de uma sociedade mais justa, humana e igualitária. Queremos uma ABI de tod@s, à frente de seu tempo e com o olhar dirigido ao futuro.
CHAPA VLADIMIR HERZOG
UMA ABI DE TOD@S
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