4 de dez. de 2013

JUSTIÇA CASSA ATOS DE AVENTUREIROS

Depois de nossa publicação dando conta dos últimos acontecimentos, tivemos notícia de que vários jornalistas entraram com pedido individuais de liminar contra as arbitrariedades que estão sendo cometidas na ABI. 

No final da tarde de ontem (04/12), respondendo a uma dessas ações, o juiz manda anular todas as decisões tomadas pelos aventureiros que se encastelaram na entidade e promoveram uma Assembleia Geral Extraordinária na qual elegeram um novo presidente, conforme relatamos (saiba mais aqui). Leia o texto do despacho da justiça:

"1. Considerando que o presidente que veio a falecer é o que foi eleito na chapa invalidada pelo juízo da 8º Vara Cível da Capital, o qual inclusive nos autos do processo nº 0107472-04.2013.8.13.0001 determinou que enquanto não realizado novo certame, deve ser mantida a administração anterior com todos os seus componentes, defiro o pedido formulado em sede de tutela antecipada para manter o autor em seu cargo de diretor administrativo até que nova presidência e diretoria venham a tomar posse. Expeça-se mandado para cumprimento da presente decisão na pessoa do atual ocupante da presidência, sob pena de multa que arbitro em R$ 20.000,00 para a prática de cada ato que impeça o autor do exercício da sua função. 2. O pedido de realização de nova eleição será apreciado após a resposta, em observância ao principio do contraditório. 3. Apresente, o autor, a cópia do Estatuto Social na parte que trata da realização de nova eleição. 4. Cite-se."


  

UMA INSTITUIÇÃO TOMADA DE ASSALTO

Caros amigos,
O que temíamos e denunciamos na postagem anterior a esta acabou por acontecer. A convocação da Assembleia Extraordinária feita pelos ocupantes sub judice da ABI para legitimar o golpe foi instalada com "meia dúzia de gatos pingados", como informa um dos conselheiros e Primeiro Secretário do Conselho Deliberativo, em carta aberta aos associados, que transcrevemos abaixo. As datas e horários divergentes nas diversas comunicações certamente confundiu alguns dos associados, impedindo que comparecessem para opor, quem sabe, alguma resistência ao que o conselheiro descreve como "palhaçada".

Mas é necessário que se faça uma constatação, por mais dura que seja: a ABI está perdendo a passos largos a sua importância perante os jornalistas e a sociedade, que já não se mobilizam para protegê-la como instância legítima de defesa das liberdades e dos direitos democráticos, mediadora dos interesses dos cidadãos nas mais diversas instâncias de poder. Uns poucos de nós se congregam em torno da Chapa Vladimir Herzog como uma resistência quixotesca, denunciando o solapamento da história e da tradição da entidade. Mas somos apenas uns poucos  dentre os muitos que formam a categoria; tão poucos que "meia dúzia de gatos pingados" é capaz de decidir por um destino infame para a ABI. Somos poucos para a urgência que a tarefa impõe. Se os jornalistas não se mobilizarem, a ABI vai definhar nas mãos de aventureiros. 

No site da entidade, uma notícia tosca, que carece do mais simplório acabamento jornalístico, informa, como que envergonhada pelas omissões dos fatos, quem é o novo presidente. Na foto, Fichel Davit Chargel em reluzente terno branco, com olhar enviesado, parecendo também envergonhado de si mesmo - triste figura.

A carta que transcrevemos abaixo é de um membro do grupo que forma o Conselho Deliberativo, ora sub judice, e que ocupa um cargo de relevância - o de Primeiro Secretário do Conselho. Portanto, é uma opinião isenta quanto à posição que defendemos aqui neste blog da Chapa Vladimir Herzog. A posição do jornalista, neste manifesto, é de sua inteira autoria e responsabilidade. Pereira da Silva estava presente à assembleia e, como faria qualquer jornalista, não compactuou com o espetáculo deprimente que lança a ABI à sua mais sombria sorte. 

Neste momento, sentimos que a Associação Brasileira de Imprensa está de luto.
 Leiam a carta.


PALHAÇADA
Por: Pereira da Silva, Pereirinha
Primeiro Secretário do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI)

O nono andar do Edifício Herbert Moses assistiu, envergonhado, terça, dia 3 do corrente ano, um espetáculo triste e deprimente, que jamais imaginaria, nem ele nem os sábios defensores da legalidade, das liberdades democráticas, da honradez e da honestidade, como Barbosa Lima Sobrinho e Maurício Azêdo. 

Maurício Azêdo tudo faria para defender suas ideias e seus ideais, mas jamais agiria como Brutos ou, perdão queridos e amados palhaços, transformaria a ABI num picadeiro e se transformaria em palhaço para fazer da responsabilidade uma palhaçada. Fichel Davit Chargel, ao protagonizar a palhaçada, apenas disse a todos os associados da ABI, principalmente aos integrantes do Conselho Deliberativo, que não está à altura do cargo que ocupa e, em vista disso, precisa a todo instante ser advertido e lembrado dos seus deveres e responsabilidades.

É uma pena que tenha que ser assim, mas não tem outro jeito, porque criança, os adultos responsáveis tratam como criança, justamente para que ela respeite os seus limites e, quando crescer, respeite os mais velhos e haja como cidadão honrado e capaz. Como presidente da ABI, Fichel Davit Chargel deve sempre ter em mente que não é presidente de uma entidade sindical, que age sorrateiramente para derrotar os inimigos. Como presidente da ABI, Davit tem outras e nobres responsabilidades. Ao assinar nota, envolvendo a ABI com os mensaleiros do PT, nosso companheiro Milton Temer o defendeu, dizendo que ele assinou aquilo sob pressão. 

Ora, meu caro Milton, se o fez sob pressão, aceitando fazer parte de uma aleivosia condenável, Davit mostrou-se ser um fraco e sem condições para conduzir os destinos da ABI. Vamos recordar, pois, que a ABI não é partido político, muito menos é PT ou o diabo que o valha, nem sindicato. A ABI é uma agremiação de homens e mulheres que pensam o Brasil e os direitos dos homens livres, de uma imprensa sem mordaça, independente de sua ideologia política e orientação editorial. 

Como, meu caro Milton, queremos ser conduzidos? Como pessoas livres ou não? Quando cheguei terça-feira no Edifício Herbert Moses fui informado que a Assembleia Geral Extraordinária para referendar o nome do Davit foi instalada às 10 e encerrada às 11h, num passe de mágica. E quem referendou o Davit? Meia dúzia de gatos pingados. Isso não é referendo, é uma farsa. Lamentável e triste farsa. Uma palhaçada. Triste palhaçada que envergou o picadeiro. Meia dúzia de gatos pingados levantou as mãos e referendou o novo rei. 

Só tem um detalhe. Enquanto Maurício Azêdo era vivo, Fichel Davit Chargel exigia enfaticamente o cumprimento do Estatuto e do Regimento Interno da ABI. Pois bem, todos nós conselheiros deveremos encarnar o personagem vivido por Davit, em passado recente, para exigir o cumprimento do Estatuto e do Regimento Interno da ABI.
       
       

1 de dez. de 2013

O DIABO ESTÁ NOS DETALHES

"The devil is in detail", ensina um velho ditado inglês da idade média que aconselha cautela diante das aparências. A velha sabedoria britânica recomenda como  aprender a ler o que está nas entrelinhas. É justamente nos desvãos sombrios, onde a luz não alcança, que o Demo, Mefistófeles, Belzebu ou o Sujo, vestido com as roupas da infâmia, ferve e tempera as apostasias que asperge, como  água benta, sobre a cabeça das pessoas ingênuas. Finge usar os santos óleos do sacramento do  batismo para semear o mal . 

Satanás, Canhoto, Efialta ou Asmodeu,  também conhecido como "o pai da mentira", só consegue  mover-se no território das  trevas, como atestam os antigos tratados de Demonologia. Age sempre "ao arrepio da Lei", expressão jurídica usada para indicar tudo aquilo que está associado ao mundo obscuro da ilegalidade, do que vai em sentido contrário ao que determina a lei  e é isso, em linhas gerais, o que está acontecendo com a ABI neste momento. 

Ao arrepio da decisão judicial proferida pela Juíza  Maria da Glória Oliveira Bandeira de Mello, da 8ª Vara Cível (veja aqui), o grupo que tomou a ABI de assalto cevou, num texto capiroto,  a convocação de uma Assembléia Extraordinária para tentar legitimar o golpe manu militari perpetrado em 29 de outubro, quatro dias após a morte do presidente da instituição. Ao transformarem uma Sessão Ordinária do Conselho Deliberativo em Extraordinária, com base num parecer jurídico caseiro que exalava enxofre, sem qualquer valor legal, os seguidores de Belgafor cassaram o mandato do vice-presidente Tarcísio Holanda, impedindo-o de exercer o direito legítimo de assumir a presidência da ABI. Agindo sempre de forma enviesada, como convém a golpistas escorados na arte da prestidigitação, entronizaram em seu lugar o diretor de administração Fichel Davit Chargel, numa  cerimônia esquisita, para se dizer o mínimo.

Mas não para por aí a procissão de ar vaporoso a que se referiu, certa vez, Baudelaire ao escrever "As Flores do Mal". Os golpistas, em desavergonhada ação de má-fe, tentam esquivar-se, na Assembléia irregular que planejam, do risco de serem confrontados por sócios que certamente não se aliariam a tamanha iniquidade de que tem sido vítima a ABI. Sob a inspiração maligna do Imundo, divulgaram datas e horários diferentes em diversas comunicações sobre a convocação, o que, além de má-fé, é também uma demonstração de estultice. 

No edital publicado no Jornal da ABI, edição 394, a convocação da Assembléia-Geral Extraordinária foi marcada para 29 de novembro, às 10h. No site da entidade, o Edital de Convocação saiu com data diferente: 3 de dezembro, às 10h. Em carta enviada ao corpo social, o grupo que se encastelou na ABI fez nova alteração no edital, transferindo a Assembléia-Geral das dez para as duas da tarde. 

Além de terem cometido várias trapalhadas na confecção do texto da convocação – que além de mal redigido não tem nenhum valor legal – cometeram outro grave pecado: não comunicaram ao juízo da 8ª Vara Cível que pretendiam realizar uma Assembléia-Geral. A Diretoria e o Conselho omitiram do corpo social que se encontram sub judice, ou seja, seus atos poderão ser considerados nulos quando a sentença final for decretada.

E mais: insistem em esconder dos associados que existe uma tutela antecipada da Juíza Maria da Glória Bandeira de Mello, onde ela reconhece a existência de irregularidades no processo eleitoral e anula a eleição de abril. A sentença definitiva ainda não saiu, mas a tutela antecipada diz o que a Justiça apurou nos autos  e nossas provas são materiais, concretas! 

Em audiência no dia l8 de novembro, depois de ouvir as testemunhas da defesa, a juíza abriu ainda um novo prazo para apresentação de memoriais. Ela poderia ter batido o martelo, mas permitiu que os réus utilizassem todos os recursos previstos no Código Civil. Ao abrir prazo para os memoriais ela quis evitar que, depois de proferida a sentença, os advogados do Escritório Siqueira Castro, um dos mais caros do país,  alegassem que seus clientes tiveram cerceado o seu amplo direito de defesa.

Mas a mentira e a má-fe tem rabo, chifres e  pernas curtas  como o Cramulhano. É impossível suportá-las por muito tempo. Na audiência, as testemunhas de defesa (de defesa deles!) confirmaram a denúncia dos autos. O diretor administrativo, ilegitimamente alçado à presidência da ABI, compareceu à audiência travestido de representante legal da instituição.  Entrou mudo e saiu calado. Estava abatido e trêmulo como os falsos atores que naufragam diante de papéis que exigem paixão, competência, talento e, acima de tudo, sinceridade. Deixou a sala de audiências como um figurante. Apesar da cortina, era possível identificar os pés de quem movia os cordéis.

Ao notar que o advogado da Chapa Vladimir Herzog  não reconhecia Chargel como representante legal da ABI, a  Juíza procurou acalmá-lo.  Observou que o cargo por ele ocupado não poderia ser questionado naquele processo, mas em outra ação judicial. 

E foi o que fizemos! 


O Diabo, meus amigos, costuma esconder-se nos detalhes...