1 de dez. de 2013

O DIABO ESTÁ NOS DETALHES

"The devil is in detail", ensina um velho ditado inglês da idade média que aconselha cautela diante das aparências. A velha sabedoria britânica recomenda como  aprender a ler o que está nas entrelinhas. É justamente nos desvãos sombrios, onde a luz não alcança, que o Demo, Mefistófeles, Belzebu ou o Sujo, vestido com as roupas da infâmia, ferve e tempera as apostasias que asperge, como  água benta, sobre a cabeça das pessoas ingênuas. Finge usar os santos óleos do sacramento do  batismo para semear o mal . 

Satanás, Canhoto, Efialta ou Asmodeu,  também conhecido como "o pai da mentira", só consegue  mover-se no território das  trevas, como atestam os antigos tratados de Demonologia. Age sempre "ao arrepio da Lei", expressão jurídica usada para indicar tudo aquilo que está associado ao mundo obscuro da ilegalidade, do que vai em sentido contrário ao que determina a lei  e é isso, em linhas gerais, o que está acontecendo com a ABI neste momento. 

Ao arrepio da decisão judicial proferida pela Juíza  Maria da Glória Oliveira Bandeira de Mello, da 8ª Vara Cível (veja aqui), o grupo que tomou a ABI de assalto cevou, num texto capiroto,  a convocação de uma Assembléia Extraordinária para tentar legitimar o golpe manu militari perpetrado em 29 de outubro, quatro dias após a morte do presidente da instituição. Ao transformarem uma Sessão Ordinária do Conselho Deliberativo em Extraordinária, com base num parecer jurídico caseiro que exalava enxofre, sem qualquer valor legal, os seguidores de Belgafor cassaram o mandato do vice-presidente Tarcísio Holanda, impedindo-o de exercer o direito legítimo de assumir a presidência da ABI. Agindo sempre de forma enviesada, como convém a golpistas escorados na arte da prestidigitação, entronizaram em seu lugar o diretor de administração Fichel Davit Chargel, numa  cerimônia esquisita, para se dizer o mínimo.

Mas não para por aí a procissão de ar vaporoso a que se referiu, certa vez, Baudelaire ao escrever "As Flores do Mal". Os golpistas, em desavergonhada ação de má-fe, tentam esquivar-se, na Assembléia irregular que planejam, do risco de serem confrontados por sócios que certamente não se aliariam a tamanha iniquidade de que tem sido vítima a ABI. Sob a inspiração maligna do Imundo, divulgaram datas e horários diferentes em diversas comunicações sobre a convocação, o que, além de má-fé, é também uma demonstração de estultice. 

No edital publicado no Jornal da ABI, edição 394, a convocação da Assembléia-Geral Extraordinária foi marcada para 29 de novembro, às 10h. No site da entidade, o Edital de Convocação saiu com data diferente: 3 de dezembro, às 10h. Em carta enviada ao corpo social, o grupo que se encastelou na ABI fez nova alteração no edital, transferindo a Assembléia-Geral das dez para as duas da tarde. 

Além de terem cometido várias trapalhadas na confecção do texto da convocação – que além de mal redigido não tem nenhum valor legal – cometeram outro grave pecado: não comunicaram ao juízo da 8ª Vara Cível que pretendiam realizar uma Assembléia-Geral. A Diretoria e o Conselho omitiram do corpo social que se encontram sub judice, ou seja, seus atos poderão ser considerados nulos quando a sentença final for decretada.

E mais: insistem em esconder dos associados que existe uma tutela antecipada da Juíza Maria da Glória Bandeira de Mello, onde ela reconhece a existência de irregularidades no processo eleitoral e anula a eleição de abril. A sentença definitiva ainda não saiu, mas a tutela antecipada diz o que a Justiça apurou nos autos  e nossas provas são materiais, concretas! 

Em audiência no dia l8 de novembro, depois de ouvir as testemunhas da defesa, a juíza abriu ainda um novo prazo para apresentação de memoriais. Ela poderia ter batido o martelo, mas permitiu que os réus utilizassem todos os recursos previstos no Código Civil. Ao abrir prazo para os memoriais ela quis evitar que, depois de proferida a sentença, os advogados do Escritório Siqueira Castro, um dos mais caros do país,  alegassem que seus clientes tiveram cerceado o seu amplo direito de defesa.

Mas a mentira e a má-fe tem rabo, chifres e  pernas curtas  como o Cramulhano. É impossível suportá-las por muito tempo. Na audiência, as testemunhas de defesa (de defesa deles!) confirmaram a denúncia dos autos. O diretor administrativo, ilegitimamente alçado à presidência da ABI, compareceu à audiência travestido de representante legal da instituição.  Entrou mudo e saiu calado. Estava abatido e trêmulo como os falsos atores que naufragam diante de papéis que exigem paixão, competência, talento e, acima de tudo, sinceridade. Deixou a sala de audiências como um figurante. Apesar da cortina, era possível identificar os pés de quem movia os cordéis.

Ao notar que o advogado da Chapa Vladimir Herzog  não reconhecia Chargel como representante legal da ABI, a  Juíza procurou acalmá-lo.  Observou que o cargo por ele ocupado não poderia ser questionado naquele processo, mas em outra ação judicial. 

E foi o que fizemos! 


O Diabo, meus amigos, costuma esconder-se nos detalhes...



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário.