Relatório
da Diretoria. Gestão 2012/2013.
(terceira parte )
O presidente sub judice da ABI
voltou ao palco. Na realidade, ele jamais abandonou a boca de cena,
mesmo nos momentos em que dava a impressão de se ter
recolhido às coxias. Ao
longo do seu mandarinato, utilizou
como poucos os recursos que o teatro oferece para manter-se permanentemente em cartaz. Não há, entretanto, motivos para se aplaudir um ilusionista de ocasião.
Ao expor, com a profundeza de um
pires, o trabalho desenvolvido pelas “representações estaduais” de São Paulo e
Minas Gerais, o Relatório da Diretoria
parece um pavilhão de ornitologia. As duas representações, na verdade, são como aves empalhadas, com olhos de vidro e bico pintado.
Vistas de longe, com sua
exuberante plumagem e o peito estufado, dão até a impressão de que podem voar. Nada mais falso e fantasioso. Apesar do aspecto, não possuem
um hálito de vida.
O Relatório aprovado pela Assembléia-Geral de abril, sem que os
associados presentes tivessem prévio conhecimento do seu conteúdo, descreve esses pássaros
mumificados como se estivessem vivos. Os “consulados” da ABI em São Paulo e Belo Horizonte são apenas cenográficos,
com funções meramente decorativas.
Criados como uma espécie de vitrine, pela atual administração, não possuem existência real.
Não se pode enganar o
corpo social com tamanha demonstração de cinismo e desfaçatez.
A representação da ABI em São Paulo é
um pássaro ornamental. Não
tem sequer autonomia para comprar um alfinete. Como não possui dotação orçamentária,
despesas com papel higiênico, sabonete e material de limpeza são efetuadas com
dinheiro da sócia que administra o escritório. O reembolso, entretanto, só é
autorizado pela professora Marilka Lannes, mulher do presidente sub judice, que
exige minuciosa descrição dos gastos efetuados com o tosco funcionamento da
representação. Chega a ser insultuosa a forma como gerencia o consulado de São
Paulo. Marilka monitora a ABI paulista como se fosse uma lojinha de confecções
da Rua José Paulino, no bairro da Luz.
Instalada num prédio comercial, na
Rua Franco da Rocha, em Perdizes, a
Representação não tem CNPJ e nem conta bancária, além de
estar proibida de receber mensalidades dos associados que moram e
trabalham na capital de São Paulo
ou no interior. O aluguel do imóvel, as contas de água, luz e telefone são
pagos pela sede da entidade, no Rio. Do ponto de vista legal, a Representação não existe.
Não se pode dizer também que teve “uma
atuação destacada”, quando o próprio Relatório revela que se limitou apenas
a participar de eventos promovidos por outras
instituições. A Representação paulista
é como se fosse um jarro de louça, objeto meramente decorativo, sem qualquer outra função.
Nem sempre foi assi. Nas gestões de Prudente de Morais e Barbosa Lima
Sobrinho, a Representação de São Paulo tinha autonomia e intensa agenda de
atividades. Houve época em que
chegou a ter mais de 500 associados. Hoje, eles não chegam a 50. Afinal, por
que os jornalistas paulistas desertaram da ABI?
A situação da Representação de
Minas Gerais é ainda mais patética e constrangedora. O relato falsificado das
suas atividades, registrado no Relatório, chega a ser infame. Na verdade, a sede mineira da ABI até hoje não saiu
do papel. Sua existência é apenas
virtual.
Oficialmente instituída em Belo Horizonte, com a presença do Governador
Antônio Anastasia, em junho de 2011, a cerimônia de inauguração da Representação
contou com a audiência de destacados jornalistas, membros do Ministério Público, políticos e ilustres figuras
da intelectualidade mineira. Os convidados que participaram da
solenidade, realizada com pompa e circunstância, na Academia Mineira de Letras, não sabiam que participavam
apenas de uma encenação.
A
Representação da ABI em Minas Gerais, cuja instalação foi autorizada pelo
Conselho Deliberativo, até hoje não existe. Além de não terem autonomia para alugar uma sede e
possuir um telefone, a Diretoria e
os membros do seu Conselho Diretor enfrentam uma situação esdrúxula: não conseguiram até agora se associar à ABI. As propostas de filiação estão há quase
dois anos encarceradas na gaveta da presidência da entidade, no Rio, sem
qualquer explicação. Mas para consumo externo, todos os conselheiros de Minas aparecem como sócios da Casa, no expediente do Jornal da ABI, apesar
da representação de BH não passar de uma ficção.
Os
jornalistas mineiros merecem ser tratados com mais respeito como os paulistas,
todos iludidos em sua boa-fé
Não é moralmente aceitável que
sejam usados como instrumento de propaganda de uma gestão que não tem nenhum
compromisso com a expansão da entidade e com as dificuldades financeiras que se
avolumam, a cada dia, ameaçando sua própria existência.
O que encobre o comportamento
insalubre de solapar iniciativas que estimulem o crescimento da ABI? Que
interesses a impedem de se transformar numa instituição verdadeiramente
nacional, como foi no passado, quando chegou a possuir uma sede em Brasília?
A visão caudilhesca da atual administração não quer que a entidade se oxigene, se renove e volte a crescer. Nos últimos
nove anos não foi desenvolvido nenhum projeto para recuperar o prestígio e a
expressão que sempre desfrutou entre as instituições da sociedade civil. Uma
ABI forte e atuante não está nos planos do presidente sub judice que só pensa em se perpetuar no poder. Quanto menos
representativa for a instituição, melhor para as ambições domésticas do
casal que comanda a entidade
como se fosse um rabastel. Quanto
menor for o número de ovelhas e
insignificante o rebanho, mais
fácil será conduzi-lo com uma vara do que com idéias.