10 de set. de 2013

DEPOIMENTO: MAIS UM ESCÂNDALO NA ABI


DECADENTE, ABI É UM BARCO À DERIVA

Por Wilson de Carvalho


Neste momento estou revisando um livro de quase 200 páginas para entregar ainda amanhã, na editora Taba Cultural. Por isso, contarei em mais detalhes só mais tarde e na própria Justiça, amanhã, sobre o constrangimento que passei, juntamente com outros colegas associados como seu Édson, de 80 anos, em cumprimento a mais uma decisão arbitrária do presidente Maurício Azêdo, desta vez no sentido de os associados só terem acesso ao prédio da ABI depois de provar que estão em dia com o pagamento das mensalidades. E isto sem nenhum aviso prévio. Dizem que a decisão teria partido de D. Marilka, a verdadeira administradora da entidade, devido ao estado de saúde do esposo e presidente. 

Um dos poucos frequentadores da ABI, que a cada dia se esvazia por praticamente nada oferecer nos seus 13 andares e também pela omissão nas lutas tradicionais e na representatividade na sociedade, desde que o atual presidente assumiu há quase dez anos e se utiliza de todos os artifícios para não haver uma nova eleição, conseguida na Justiça, pela oposição, seu Édson quis jogar fora a carteira de remido, depois de explicar ao porteiro Elenildo, sempre educado e também constrangido, que não precisava pagar mais, "pois o estatuto me dá esse direito". Outro colega, também idoso, e cujo nome não me recordo, após esperar a consulta sempre demorada, pois o porteiro tem que se comunicar por telefone, com o funcionário Robson, que, por sua vez, tem de se dirigir à sala do presidente, para onde foram deslocados os computadores, ameaçou ir à delegacia, caso lhe fosse pedido, de novo, o recibo de pagamento. Em outro momento, o conselheiro José Pereira da Silva, o Pereirinha, irritado ao ser chamado por Elenildo para ler o aviso assinado pela Diretoria (...), com rubrica do presidente, saiu em disparada para pegar o elevador e "falar com Azêdo sobre esse absurdo". E aí eu me senti duplamente constrangido, pois, ao contrário do Pereirinha, se quisesse subir, "no peito", teria de ser acompanhado pelo funcionário Lúcio. E notem que tenho armário no 11o. andar e até precisava pegar material de trabalho. Preferi não criar tumulto e apenas chamar a PM, que alegou não poder interferir no caso em questão.

O constrangimento de todos nós era maior porque chamava a atenção de pessoas estranhas à ABI, enquanto aguardavam nas filas dos elevadores para se dirigir aos andares alugados por empresas, ao barbeiro no 11o. andar, agora proibido aos sócios em atraso, ou ainda ao sexto andar, para consultas aos poucos médicos que ainda restam no ambulatório da entidade, por decisão do presidente, que, dizem, pretende acabar com o atendimento médico.

O mais estranho é que o prédio da ABI é também comercial e, em caso de qualquer tipo de exigência, que o fizesse a todos os frequentadores e com funcionários especializados. No caso da ABI, mesmo sem essa providência, teria de avisar previamente aos associados ou fazer a comunicação dentro do próprio prédio, sem constrangimento, reservada e pessoalmente.

Para minha maior surpresa, ao comprovar que estava atrasado três meses no pagamento de mensalidades e não os seis, que, de acordo com o estatuto, suspende, aí sim, a atividade social até a regularização, o presidente, acreditem, mandou o funcionário Robson dizer que "eu e o Raul (sobrinho dele, também na oposição) não poderiam entrar".

Desde a sexta-feira, me sinto indignado, um verdadeiro trapo, não só pela minha correta e, desculpem o cabotinismo, destacada atuação nos 40 anos de profissão, com passagem em quase todos os grandes jornais, prêmios de reportagens, cinco Copas do Mundo. E, vale ressaltar, com o testemunho do próprio presidente, a quem auxiliei como conselheiro e primeiro secretário da Comissão de Liberdade de Expressão e Direitos Humanos, em dois de seus mandatos, até cansar, a exemplo de outros companheiros, de suas arbitrariedades e postura ditatorial, não deixando ninguém trabalhar e ainda passar a administração à sua esposa.

Além de tudo isso, nenhuma providência eu vinha tomando contra outro de seus atos abusivos, mesmo me prejudicando no controle maior das contas a pagar, ou seja, de reter toda a correspondência dos próprios associados, por tempo indeterminado, principalmente durante as suas viagens a tratamento médico ou outros motivos particulares, ou ainda, simples falta de tempo. O presidente tem que saber o que você está recebendo em termos de correspondência. Uma delas me chegou atrasada e, o que é pior, violada, com a justificativa "aberta por engano". Com a sua letra.

Exatamente em nome da ABI, eu e alguns dos próprios diretores nos tornamos oposição para reerguer a entidade, contando para isso com a força dos próprios jovens que já dominam a profissão de jornalista, mas ausentes da entidade exatamente por praticamente nada ser oferecido. A ABI envelheceu sob todos os pontos de vista.

Lamentavelmente, tamanha a indignação, fui obrigado a relatar alguns fatos da decadência da ABI, que ainda não são de conhecimento de quem não a frequenta, mas, vale ressaltar, sem nada que arranhe a honestidade do presidente. Muito ao contrário, aliás.

Se para justificar a proibição, o presidente quiser alegar o uso palavrões na frequência ao 11o. andar, não procede - até porque, Raul, que também está proibido de entrar na ABI, mal comparece à entidade, a exemplo da maioria absoluta dos associados. Durante um jogo do Brasil, em que eu e mais seis associados (número em média de frequência) assistíamos, vale dizer, através de uma TV antiga e deficiente, soltei um "porra". Diante da interferência do funcionário Antônio, responsável pelo 11o., como se fosse dono do local, disse-lhe que não tinha autoridade para se dirigir a um associado da forma que fez, gritando "olha o palavrão!". Mais grave ainda, em horário de almoço, cochilando numa das poltronas e com a telefonista Marlene em seu lugar.

Não é de minha formação o uso sequer de termos chulos, quanto mais palavrões, embora, às vezes, escape. Eu sequer xinguei o presidente ou o acusei de racista e ditador, conforme fizeram alguns associados, aos palavrões, no mesmo 11o. andar. Sem punição alguma. Um deles, de mais de 80 anos de idade, indignado por ter sido afastado da presidência do Conselho Fiscal em favor de um dos amigos do presidente, contrariando, mais uma vez, o próprio estatuto da ABI - estatuto que inexiste para o presidente e os poucos conselheiros que comparecem às reuniões, 15, em média, dos quase 100, e que apenas repetem sim a todas as arbitrariedades. Eu mesmo fui um deles. Até esgotar a paciência e passar para a oposição. Talvez por isso esteja proibido de frequentar a entidade, onde ia diariamente em horários alternados, sabedor, portanto, de todos os acontecimentos.

Wilson de Carvalho é jornalista.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário.