3 de jan. de 2014

SAIBA QUEM FORAM OS PRESIDENTES

"Toda instituição é a sombra alongada de um homem"
(Emerson)

GUSTAVO DE LACERDA (1908/1909)

Autor das bases do estatuto da entidade que mais tarde se tornaria a ABI, Gustavo de Lacerda criou a Associação de Imprensa,  da qual foi aclamado Presidente, em 7 de abril de 1908. A criação de uma agremiação que lutasse pelos interesses dos jornalistas sempre foi um ideal de Lacerda, que chegou a ser apontado como inculto e visionário. No entanto, do programa de fundação da ABI constam reivindicações que hoje são a base da regulamentação da profissão e das faculdades de Comunicação Social.


FRANCISCO SOUTO (1909/1910)


Com a morte de Gustavo de Lacerda, seu vice, Francisco Souto, assumiu a Presidência para completar o mandato do colega, num momento em que a associação passava por uma crise de prestígio e sofria boicote de quase todos os donos de jornais — alguns chegavam a proibir seus funcionários de participarem da instituição.




DUNSHEE DE ABRANCHES (1919/1911 - 1911/1913)

João Dunshee de Abranches Moura foi empossado na Presidência da ABI em 13 de maio de 1910, com o apoio integral do grupo que controlava a Associação e prometendo defender a liberdade de pensamento a qualquer custo. Em 1911, foi reeleito para mais dois anos de mandato. Durante sua administração, várias providências foram tomadas, como a reforma estatutária, aprovada pela Assembléia-Geral de 23 de janeiro de 1911, e a mudança de nome para Associação de Imprensa dos Estados Unidos do Brasil. 

BELISÁRIO DE SOUZA (1913/1915 - 1915/1916)
O jornalista Belisário de Souza tinha apenas 27 anos de idade quando substituiu Dunshee de Abranches na Presidência da instituição que, por sua iniciativa, ganhou o nome atual: Associação Brasileira de Imprensa. Jovem entusiasmado pela política, Belisário teve uma administração atribulada, sem que conseguisse, de imediato, conciliar as correntes antagônicas que circulavam na ABI e que acabaram por levá-lo a renunciar ao cargo. Em seu lugar assumiu o Vice-presidente Raul Pederneiras. 

RAUL PEDERNEIRAS (1915/1917 - 1920/1926)

Com a renúncia de Belisário de Souza, Raul Pederneiras assumiu o cargo de Presidente e deve-se a ele renascimento da ABI nos moldes operacionais. Com ele a instituição adquiriu personalidade jurídica, fazendo registrar todos os livros da tesouraria no Tesouro Nacional. Além de atos administrativos e outros de relevância para a Associação, Pederneiras pleiteou aos Governos Municipal e Federal o título de utilidade pública, que somente foi conferida à ABI na gestão seguinte.


JOÃO GUEDES DE MELO (1917/1920)

João Guedes de Melo dedicou-se à fundação do Retiro dos Jornalistas, num terreno da Associação no bairro de Heliópolis, e à concretização do Congresso Brasileiro de Jornalistas, da Escola de Jornalistas, além do desenvolvimento do serviço de auxílio e assistência aos sócios. Durante sua administração, o Governo Federal isentou a ABI de todos os impostos, emolumentos e contribuições municipais e sobre a aquisição de qualquer título, construção e manutenção de imóveis, como sua sede, ou qualquer outro estabelecimento concernente aos propósitos da Associação.

ALEXANDRE BARBOSA LIMA SOBRINHO 

(1926/1927 -1930/1932 -1978/20000)
Durante seus 103 anos de vida, Barbosa Lima Sobrinho exerceu três mandatos na Presidência da ABI, à qual se dedicou até a sua morte, em 2000. Advogado, jornalista, ensaísta, historiador, político e professor, eleito para a Cadeira nº 6 da Academia Brasileira de Letras aos 50 anos de idade, nasceu em Recife, onde estreou como jornalista colaborando com o Diário de Pernambuco. No Rio, onde chegou 1921, deu continuidade à carreira no JB. Quando assumiu pela primeira vez a Presidência da ABI, Barbosa Lima Sobrinho já revelava seu dinamismo: convocou uma assembléia-geral para reformar os estatutos, regulamentou a concessão da carteira de jornalista e título de sócio e estabeleceu intercâmbio com as associações de imprensa dos Estados, proporcionando a integração dos jornalistas em todo o País. Foi também incansável nas negociações junto à Prefeitura do antigo Distrito Federal para que a ABI conseguisse a posse definitiva da área do Castelo doada pelo Conselho Municipal e promoveu um inquérito nacional a respeito da lei de imprensa, cognominada “Lei Infame”. Ao voltar a presidir a ABI de 1930 a 1931, empenhou-se outra vez na reivindicação da aquisição do terreno — que acabou sendo cedido pelo Prefeito Pedro Ernesto na administração de Herbert Moses, em 1932. No seu segundo mandato, preocupou-se igualmente com a unidade da classe jornalística, que se encontrava dividida entre a ABI, o Clube da Imprensa e a Associação da Imprensa Brasileira. A proposta de unir todas numa só incluía sua renúncia. Plano aceito, um protocolo foi redigido e Herbert Moses foi escolhido para substituí-lo. Sem jamais abandonar o jornalismo, Barbosa Lima Sobrinho foi Deputado federal, Governador de Pernambuco e Procurador do Rio de Janeiro, então capital do País. Em 1964, retornou à ABI — onde ocupou cargos diversos — consolidando o seu devotamento às causas da classe jornalística e à liberdade de imprensa. Quando morreu, foi citado por colegas e admiradores com os mais emocionados elogios, por toda a sua vida e por sua brilhante passagem pela Casa do Jornalista.
GABRIEL LOUREIRO BERNARDES (1927/1928)
Em junho de 1927, Gabriel Loureiro Bernardes assumiu a Presidência da ABI para um mandato de um ano, deixando claro que daria prioridade à instalação da nova sede, sem descuidar das melhorias das instalações provisórias, à Rua do Rosário, 172, ao lado do jornal matutino A Vanguarda. 




MANUEL PAULO FILHO (1929/1929)

Segundo Edmar Morel, a eleição de Manuel Paulo Filho aconteceu num momento em que a classe jornalística se encontrava desunida, após um período de paz na gestão de Barbosa Lima Sobrinho. As dificuldades para edificar a sede definitiva da Associação numa área do antigo Morro do Castelo, doada pelo Conselho Municipal, prejudicou ainda mais seu trabalho à frente da ABI. Mesmo assim, a administração de Paulo Filho teve iniciativas relevantes, como a intervenção junto ao Congresso para a organização das Caixas de Pensões e Aposentadorias, que funcionariam como seguro social para os trabalhadores da imprensa.
ALFREDO NEVES (1929/1930)
Quando assumiu o cargo de Presidente da ABI, Alfredo da Silva Neves tinha 49 anos e era jornalista, médico, político e funcionário público. O período era agitado no meio jornalístico, com a imprensa dividida em dois grupos: o que apoiava a Aliança Liberal — em especial O JornalCorreio da ManhãDiário de NotíciasDiário Carioca e Jornal do Commercio — e o que apoiava o Governo de Washington Luís. Foi difícil manter a ABI neutra num episódio que agitava todo o País, mas ele conseguiu organizar uma comissão de juristas para defender os associados ameaçados, ao mesmo tempo em que se manteve firme na luta para recuperar o fôlego financeiro da instituição e fez reformulações no Estatuto, introduzindo, entre outras, modificações que privilegiavam as necessidades sociais. No fim do seu mandato, Alfredo Neves indicou Barbosa Lima Sobrinho para substituí-lo e fez um discurso no qual reafirmava o papel social da ABI.
HERBERT MOSES (1931/1946)
Filho de pai austríaco e mãe norte-americana, o carioca Herbert Moses foi eleito Presidente da ABI concorrendo com Ernesto Pereira Carneiro, do Jornal do Brasil, e Oscar Costa, do Jornal do Commercio. Além de ter sido redator da Revista Souza Cruz e secretário da Associação Comercial — onde se tornou amigo de Heitor Beltrão, seu braço direito na Associação —, dirigiu a Revista Moderna e acompanhou Irineu Marinho na fundação do jornal O Globo, em 1925. Segundo Fernando Segismundo, o bom relacionamento de Herbert com as autoridades — a quem recorria a qualquer hora até para livrar jornalistas da cadeia — transformou a sede da ABI, na Rua do Passeio, a ante-sala do Itamaraty. No primeiro ano de sua administração, apesar da censura à imprensa e das prisões de jornalistas, a instituição passou por uma grande reformulação, tendo sido conseguida, inclusive, a oficialização da doação do terreno Morro do Castelo. Bom negociador, Herbert conseguiu que Getúlio Vargas prometesse substancioso auxílio financeiro para o início da construção da sua sede própria, fizesse uma doação inicial de 13 mil contos de réis e criasse os primeiros cursos de Jornalismo. Em 1946, também o Presidente Dutra contribuiu para as obras, mandando o Ministério da Justiça abrir um crédito de 2 milhões de cruzeiros para que a Associação providenciasse os serviços de acabamento do prédio. No entanto, mesmo correndo o risco de abalar essas boas relações, em nenhum momento de sua administração Herbert Moses consentiu que a ABI se intimidasse e deixasse de se pronunciar a respeito da violação dos direitos de jornalistas e da liberdade de imprensa. O período é considerado a grande fase construtiva da instituição e ele, na visão de amigos e colaboradores, figura como o consolidador material e espiritual da Casa do Jornalista. Nos registros da própria ABI, ele aparece como o homem que “tornou a fundação de Gustavo de Lacerda conhecida e respeitada dentro e fora do País. Arrancou-a, por fim, dos apertados limites das salas de aluguel para lhe dar uma sede imponente, bela, confortável, moderna como poucas nestas Américas. Tudo isso, obra da sua dedicação, do seu entusiasmo, da sua energia”.
CELSO KELLY (1964/1966)
Amigo de Herbert Moses, Celso Kelly o sucedeu na Presidência da ABI, onde já havia integrado o júri que escolheu o projeto dos irmãos M.M.M. Roberto para a sua sede social, considerada pioneira da arte moderna na América do Sul. O período político brasileiro era crítico e a Comissão de Defesa de Liberdade de Imprensa teve muito trabalho — a todo instante eram enviados ofícios às autoridades do Governo, pedindo a liberdade de jornalistas presos.Em meio a tudo isso, a ABI ainda conseguiu promover três concursos jornalísticos e realizar um seminário em que foram debatidos os problemas do ensino do Jornalismo, dele resultando a Declaração do Rio de Janeiro, que insistia nos aspectos essenciais da profissão: “Liberdade de opinião e expressão com a conseqüente responsabilidade dos emissores — no caso, autor e veículo; a informação autêntica, como direito de todos; e a facilitação do acesso dos jornalistas às suas fontes.”Nomeado diretor-geral do Departamento Nacional de Ensino do Ministério da Educação, Celso Kelly renunciou ao cargo de Presidente da ABI em 9 de fevereiro de 1966, a três meses de completar seu mandato.
ELMANO CRUZ (1966/1974)

Em 1966, Elmano Cruz esteve à frente da ABI por pouco tempo, o suficiente para completar o mandato de Celso Kelly. Já em 1974, substituiu Adonias Filho, num mandato que durou até agosto de 1975. Apesar das curtas passagens pela Presidência, foi considerado um dos líderes mais resolutos da Associação. Se faltava dinheiro para o cumprimento das despesas administrativas, não se furtava a recorrer aos amigos para concluir seus projetos, vários dos quais resultaram em mais conforto nas instalações da Casa. Combatido por uns e elogiado por outros, Elmano Cruz, segundo Edmar Morel, muitas vezes pagava despesas do próprio bolso. Mesmo quando adoeceu, manteve-se como um presidente lutador à frente da ABI, até seu estado de saúde se agravar demais. A 27 de agosto de 1975, numa das mais agitadas sessões do Conselho Administrativo, renunciou ao cargo.
DANTON JOBIM (1966/1972)
Eleito pela primeira vez Presidente da ABI em 1966 e tendo cumprido mandato até 1972, Danton Jobim foi novamente eleito em 1978, mas morreu duas semanas após o pleito e não chegou a tomar posse. Na Presidência, seguiu os passos de Herbert Moses na defesa da liberdade de imprensa e movimentou-se com firmeza para a constituição de uma frente única de combate à Lei de Imprensa imposta pelo Governo Castelo Branco. Em seu primeiro relatório no cargo, ressaltou a sua determinação de lutar pelos direitos dos jornalistas: “Muitos acontecimentos, em nossa vida pública, repercutiram no seio da classe jornalística e na ABI. Travamos uma vez mais a batalha pela liberdade de imprensa, que exige habilidade, sangue-frio e firmeza de atitudes.” Com Danton Jobim, a Associação retomou o seu prestígio internacional, sendo constantemente visitada por personalidades estrangeiras, e a edição do Boletim da ABI, que havia sido interrompida. Na sua biografia como Presidente, consta também uma passagem polêmica por causa de um almoço oferecido ao marechal Costa e Silva. Jobim, que foi senador pelo antigo MBD, eleito pelo Estado do Rio de Janeiro, presidia a ABI quando esta completou 60 anos e, segundo Morel, a imprensa brasileira havia amadurecido e vivia uma fase áurea.
ADONIAS FILHO (1972/1974)
Quando foi eleito Presidente da ABI, o baiano Adonias de Aguiar Filho desfrutava de algum prestígio como romancista e pertencia à Academia Brasileira de Letras. Pouco acostumado às lutas políticas enfrentadas pela Casa do Jornalista, nem por isso deixou de cumprir suas obrigações administrativas à frente a instituição e chegou ao final do seu mandato com uma atuação considerada relevante na defesa dos jornalistas presos e dos jornais censurados.

LÍBERO OSVALDO DE MIRANDA (1975)
Quando Elmano Cruz renunciou ao seu mandato, a 27 de agosto de 1975, o conselheiro Líbero Osvaldo de Miranda foi indicado para substituí-lo. Tinha então 73 anos de idade e não chegou a presidir uma reunião sequer, pois morreu de infarto 10 dias depois de ser empossado, fato que causou muita consternação no meio jornalístico. Líbero de Miranda era grande apreciador de música clássica e de literatura francesa. 
PRUDENTE DE MORAES, NETO (1975/1977)
Também conhecido pelo pseudônimo de Pedro Dantas, com o qual assinou crônicas esportivas, Prudente de Moraes, neto foi eleito Presidente da ABI em 30 de setembro de 1975 e, além do jornalismo, dedicou-se também à poesia. Nos registros da história da ABI, consta que “exerceu o cargo com uma dignidade invulgar”. Foi em sua gestão que aconteceu o episódio do “suicídio” do jornalista Vladimir Herzog. Prudente viajou para visitar o Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo e afirmar a solidariedade da ABI contra o ato criminoso praticado pelos órgãos de segurança paulistas.
FERNANDO SEGISMUNDO (1977/1978 - 2000/2004)
Após ocupar a cadeira de Presidente da ABI de dezembro de 1977 a fevereiro de 1978, durante licenciamento de Prudente de Moraes, neto por motivos de doença, Fernando Segismundo foi eleito para permanecer no cargo até maio de 1978, voltando a ocupá-lo de 2000 a 2004. Segismundo foi fundador do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio de Janeiro, onde lecionou História Política e Econômica no curso de Capacitação Jornalística que ajudou a criar. Escreveu também vários livros, entre eles “Imprensa brasileira — vultos e problemas”, em que faz uma retrospectiva da ABI, de Gustavo de Lacerda à Era Getúlio Vargas. Durante o regime militar, integrou o rol de jornalistas presos, acusados de subversão.
MAURÍCIO OSCAR DE LIMA AZÊDO (2004/2007-2007/2010-2010/2013)
Maurício Azêdo foi eleito Presidente da ABI em abril de 2004, encabeçando a Chapa Prudente de Moraes, neto, de oposição à Diretoria então liderada por Fernando Segismundo, e empossado em 13 de maio seguinte. Em seu primeiro mandato, a instituição viveu um breve florescimento, propiciado pela aproximação dos jornalistas que apoiaram aquela que foi a primeira eleição direta da ABI, registrando o maior número de sócios votantes da história da entidade. Em abril de 2007 Azêdo foi reeleito para outro mandato de três anos, o que, segundo o Estatuto da entidade, deveria ser sua última reeleição.  Apesar de se dizer contrário ao continuísmo em qualquer esfera da vida pública, Maurício Azêdo promoveu alterações no Estatuto da entidade para permitir reeleições intermináveis. Em 2010, eleito em chapa única para um terceiro mandato, comandava uma ABI à beira do caos financeiro e estrutural. Ao se preparar para um quarto mandato, foi contestado por um grupo de jornalistas que formaram a chapa de oposição Vladimir Herzog, encabeçada pelo jornalista Domingos Meirelles. Em sua luta desesperada para impedir a participação de uma chapa concorrente, Azêdo cometeu ações indignas de sua estatura de jornalista e de homem público, sendo contestado judicialmente. Antes que a Justiça desse o veredito sobre o cancelamento de sua última reeleição, Maurício Azêdo morreu vítima de complicações cardíacas e renais, em 25 de outubro de 2013, deixando a ABI em mãos de um Conselho sem representatividade que sequer o homenageou na primeira reunião após sua morte e que, muito ao contrário, maculou a história da entidade, ao impedir a posse do vice-presidente com um vergonhoso golpe.

FONTE: Site oficial da ABI








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