23 de fev. de 2014

CARTA ABERTA AO FUTURO



"Toda instituição é a sombra alongada de um homem" – com esta frase do filósofo, poeta e escritor R.W. Emerson (1803-1882) fizemos um retrospecto, publicado aqui neste blog, sobre os homens que emprestaram sua sombra à Associação Brasileira de Imprensa para fazer dela o que, de longe, ainda reconhecemos. O jornalista e escritor Fernando Segismundo, que por duas vezes assumiu os rumos da entidade ((1977/1978 - 2000/2004), definiu a missão da ABI de maneira ideal em 1969, quando disse que “além das finalidades fundamentais, a associação deve interpretar o pensamento, as aspirações, os reclamos, a expressão cultural e cívica de nossa imprensa; preservar a dignidade profissional dos jornalistas - e não apenas a de seus sócios; acautelar os interesses da classe; estimular entre os jornalistas o sentimento de defesa do patrimônio cultural e material da Pátria; realçar a atuação da imprensa nos fatos da nossa história; e colaborar em tudo que diga respeito ao desenvolvimento intelectual do País”. 

Para cumprir uma missão tão densa, sem deixar-se levar por sentimentos menores e com clareza de avaliação, é preciso ter, antes de tudo, desprendimento, cujos sinônimos são abnegação, altruísmo, independência.  A sombra alongada dos que deram à entidade a estatura que ela ainda porta vem-se encolhendo com o passar do tempo e deformando sua imagem – o pior dos momentos sem dúvida é este que a Casa está experimentando agora. A ABI está passando por uma crise estrutural e de credibilidade que drena o pouco que lhe resta de prestígio junto à classe jornalística e à sociedade brasileira. A Justiça, que sempre foi provocada pela entidade para defender os legítimos anseios do povo brasileiro, agora teve que se manifestar para defender a ABI de si mesma. 

O momento é de crise sim, mas é também a oportunidade de uma revisão profunda para sanar problemas que tem sido postergados – um deles, a renovação do quadro de associados e de membros das instâncias decisórias da Casa, chamando as gerações mais jovens de jornalistas a darem sua contribuição e emprestarem suas sombras para a construção de uma ABI para e com futuro. O exemplo de Barbosa Lima Sobrinho, que conduziu a entidade por três mandatos, o último indo de 1978 até sua morte aos 103 anos, em 2000, não pode ser contemplado apenas pela exceção de longevidade, mas pelo compromisso do homem que emprestou não apenas a sombra, mas todos os seus dias a uma causa da qual a ABI era apenas o instrumento. 

Não deve a ABI ser confundida com um prêmio de consolação aos que consideram-se merecedores de um reconhecimento, seja pessoal ou profissional, que não lhes foi concedido ao longo do tempo. Ao refletir sobre isso,  podemos entender a luta encarniçada daqueles que a Justiça mandou afastar dos postos de comando da ABI, em sentença proferida de forma grave - é que para moldar-lhes a sombra encolhida, curvada, era preciso que a Casa se apequenasse. Agora, diante da crise que nos convida à mudança, teremos a real dimensão do mal que vem corrompendo a entidade nestes anos recentes. 

A luta está em curso – ou a ABI se levanta e se renova, ou será apenas a sombra de si mesma a se desfazer no tempo. Os jornalistas que formam a Chapa Vladimir Herzog, empunhando a bandeira da mudança, convocam aqueles que acreditam que com os instrumentos do ofício de jornalistas podemos contribuir para a construção de uma sociedade mais justa, humana e igualitária. Queremos uma ABI de tod@s, à frente de seu tempo e com o olhar dirigido ao futuro.

CHAPA VLADIMIR HERZOG 
UMA ABI  DE TOD@S

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário.