18 de mai. de 2013

APOIOS E CONTRIBUIÇÕES:

SOBRE O DIREITO DE RESPOSTA

MANOEL MARCONDES NETO

O – finado – direito de resposta foi objeto, no início de maio, de uma troca de “posts” muito produtiva no grupo que o Clube de Comunicação mantém na internet. Lá “pelas tantas” réplicas e tréplicas, alguém comentou – lamentando a não resposta a um colega que escrevera à ABI pedindo divulgação de seu ponto de vista acerca de fatos narrados, sobre as ultimas eleições, no “website” da ABI –, dizendo-o, o direito de resposta, algo “criado pelo segmento” (ou seja, os jornais, as empresas jornalísticas). A esta manifestação respondi com o seguinte “fala”: – O direito de resposta não foi “criado pelo segmento”. Nossos queridos patrões nunca tiveram, não têm e nunca terão tamanha responsabilidade civil “por antecipação”. O direito de resposta foi mais uma daquelas criações “incompreensíveis” da ditadura; afinal ditadores não pedem direito de resposta, simplesmente fecham jornais...

Mas um daqueles que “advogam”, instalado no Supremo, “atendendo a pedidos” do “coleguinha”... Miro Teixeira (e mais a matilha de patrões), acabou com a Lei de Imprensa, levando junto o tal direito, e colocando nada no lugar.

Hoje todos os políticos donos de jornais, revistas, rádios, TVs e portais (são muitos... e, por lei, não poderiam ser – fazem uso de “laranjas”), abusam da boa fé do público “detonando” quem quiserem (ou quem seus amigos quiserem) a título de “noticiário”. Por outro lado, se a “vítima” da imprensa é “amiga” do juiz de primeira instância, lá se vai, a empresa, o blog, o portal – o que quer que seja – à breca, debaixo de uma indenização arbitrada em milhões de reais... E vá reclamar com o Papa...

A ABI é uma das instâncias – talvez a mais legítima delas, uma vez que os jornalistas não têm um Conselho Profissional (outro absurdo imposto por patrões à “opinião pública”) – com prerrogativa para exigir uma lei que reponha o direito de resposta na doutrina brasileira em Comunicação.

Os jornalistas de bem têm que retomar a ABI. Não se pode “comprar” – e muito menos “vender” – a tese de que a mesma “perdeu importância”. Ela perdeu, sim – momentaneamente – a legitimidade (e, consequentemente, a credibilidade), por incúria, incompetência e má fé dos administradores da hora (eleitos, mas depois revelados fracassos político-administrativos), e pode voltar a ser digna representante de muito mais elevados interesses da classe dos jornalistas e da cidadania.

Caros amigos do Clube de Comunicação, tenho-me manifestado sobre este tema por absoluto amor ao Jornalismo – o jornalismo sonhado e consignado nos estatutos da ABI. Descobriu-se, aqui, este errepê, nos últimos três anos (2010-2012), um defensor ferrenho de uma imprensa forte. Isto porque, sem imprensa forte, as relações públicas inexistem como deveriam ser e passam a ser nefasta e mera condição de tráfico de influência e capacidade de “controlar crises de imagem pública”. E Jornalismo se faz com jornalista! Não com os amigos e apaniguados, não com estagiários de nossos – péssimos – cursos (e incluo-me, como docente, neles), não com a ajuda do Google News...

Guardadas as muito devidas proporções, no período acima mencionado, conseguimos – 14 colegas – “virar do avesso” uma instituição, o Conrerp do Rio de Janeiro – apodrecida pelo desmando, pela miopia e pela improbidade de pelo menos uma década de incompetência político-administrativa de instituição de classe. E não precisamos “sacrificarmo-nos” e ficar mais um mandato... Conseguimos motivar outros colegas, mais jovens, a continuar segurando o bastão de uma... causa, o que, infelizmente, só uma minoria assim enxerga na representação de uma categoria profissional.

E o mal continua por aí. “Nosso” sindicato – dos errepês – acaba de ter 20 "diretores" eleitos por... pouco mais de... 20 eleitores; ou seja, “empossados” quase que por si mesmos! E lá vamos nós de novo, cavaleiros do apocalipse, pensando em como fazer para acabar com mais esta pantomima... a qual junta-se a outra, da ABRP/RJ – uma instituição de 1956 – atualmente “possuída” por alguns pouquíssimos, na obscuridade.

A luta nunca termina. Este é o preço de se constituir genuínas Instituições (assim mesmo, com “i” maiúsculo) – tema que, por força de ofício, estudo em profundidade, e que se demonstra o verdadeiro desafio de se querer colocar uma nação no chamado “primeiro mundo”. Muito mais do que consumir mais iogurte, mais TV por assinatura e mais petróleo.

Manoel Marcondes Neto é professor FAF/UERJ, secretário-geral Conrerp (2010-2012).

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