MANOEL MARCONDES NETO
O – finado – direito de resposta foi objeto, no início de maio, de uma troca de “posts” muito produtiva no grupo que o Clube de Comunicação mantém na internet. Lá “pelas tantas” réplicas e tréplicas, alguém comentou – lamentando a não resposta a um colega que escrevera à ABI pedindo divulgação de seu ponto de vista acerca de fatos narrados, sobre as ultimas eleições, no “website” da ABI –, dizendo-o, o direito de resposta, algo “criado pelo segmento” (ou seja, os jornais, as empresas jornalísticas). A esta manifestação respondi com o seguinte “fala”: – O direito de resposta não foi “criado pelo segmento”. Nossos queridos patrões nunca tiveram, não têm e nunca terão tamanha responsabilidade civil “por antecipação”. O direito de resposta foi mais uma daquelas criações “incompreensíveis” da ditadura; afinal ditadores não pedem direito de resposta, simplesmente fecham jornais...
Mas um
daqueles que “advogam”, instalado no Supremo, “atendendo a pedidos” do
“coleguinha”... Miro Teixeira (e mais a matilha de patrões), acabou com a Lei
de Imprensa, levando junto o tal direito, e colocando nada no lugar.
Hoje todos
os políticos donos de jornais, revistas, rádios, TVs e portais (são muitos...
e, por lei, não poderiam ser – fazem uso de “laranjas”), abusam da boa fé do
público “detonando” quem quiserem (ou quem seus amigos quiserem) a título de “noticiário”.
Por outro lado, se a “vítima” da imprensa é “amiga” do juiz de primeira
instância, lá se vai, a empresa, o blog, o portal – o que quer que seja – à
breca, debaixo de uma indenização arbitrada em milhões de reais... E vá
reclamar com o Papa...
A ABI é uma
das instâncias – talvez a mais legítima delas, uma vez que os jornalistas não
têm um Conselho Profissional (outro absurdo imposto por patrões à “opinião
pública”) – com prerrogativa para exigir uma lei que reponha o direito de
resposta na doutrina brasileira em Comunicação.
Os
jornalistas de bem têm que retomar a ABI. Não se pode “comprar” – e muito menos
“vender” – a tese de que a mesma “perdeu importância”. Ela perdeu, sim –
momentaneamente – a legitimidade (e, consequentemente, a credibilidade), por
incúria, incompetência e má fé dos administradores da hora (eleitos, mas depois
revelados fracassos político-administrativos), e pode voltar a ser digna
representante de muito mais elevados interesses da classe dos jornalistas e da
cidadania.
Caros amigos
do Clube de Comunicação, tenho-me manifestado sobre este tema por absoluto amor
ao Jornalismo – o jornalismo sonhado e consignado nos estatutos da ABI.
Descobriu-se, aqui, este errepê, nos últimos três anos (2010-2012), um defensor
ferrenho de uma imprensa forte. Isto porque, sem imprensa forte, as relações
públicas inexistem como deveriam ser e passam a ser nefasta e mera condição de
tráfico de influência e capacidade de “controlar crises de imagem pública”. E
Jornalismo se faz com jornalista! Não com os amigos e apaniguados, não com
estagiários de nossos – péssimos – cursos (e incluo-me, como docente, neles),
não com a ajuda do Google News...
Guardadas as
muito devidas proporções, no período acima mencionado, conseguimos – 14 colegas
– “virar do avesso” uma instituição, o Conrerp do Rio de Janeiro – apodrecida
pelo desmando, pela miopia e pela improbidade de pelo menos uma década de
incompetência político-administrativa de instituição de classe. E não
precisamos “sacrificarmo-nos” e ficar mais um mandato... Conseguimos motivar
outros colegas, mais jovens, a continuar segurando o bastão de uma... causa, o
que, infelizmente, só uma minoria assim enxerga na representação de uma
categoria profissional.
E o mal
continua por aí. “Nosso” sindicato – dos errepês – acaba de ter 20
"diretores" eleitos por... pouco mais de... 20 eleitores; ou seja,
“empossados” quase que por si mesmos! E lá vamos nós de novo, cavaleiros do
apocalipse, pensando em como fazer para acabar com mais esta pantomima... a
qual junta-se a outra, da ABRP/RJ – uma instituição de 1956 – atualmente
“possuída” por alguns pouquíssimos, na obscuridade.
A luta nunca
termina. Este é o preço de se constituir genuínas Instituições (assim mesmo,
com “i” maiúsculo) – tema que, por força de ofício, estudo em profundidade, e
que se demonstra o verdadeiro desafio de se querer colocar uma nação no chamado
“primeiro mundo”. Muito mais do que consumir mais iogurte, mais TV por
assinatura e mais petróleo.
Manoel Marcondes Neto é professor FAF/UERJ, secretário-geral Conrerp (2010-2012).
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