22 de mai. de 2013

ABI PRECISA SE ABRIR AOS NOVOS TEMPOS


Por JUCA KFOURI
Conheci Maurício Azêdo assim que ingressei no jornalismo, em 1970. Na verdade, ele era um de meus chefes, na revista Placar. Com ele aprendi muito e não perdia uma oportunidade, já mais tarde, quando ia ao Rio, de estar com ele na sucursal da Editora Abril. Raciocínio agudo, rápido na resposta, militante da oposição, um exemplo. 

Depois, o corre corre da vida nos separou, mas a admiração permaneceu. Fiquei feliz ao vê-lo eleito presidente da nossa ABI, a quem eu tinha servido modestamente como um dos diretores da representação paulista, ainda na Rua Augusta.

À medida que a entidade foi perdendo suas bandeiras, também dela me afastei, embora sempre atento aos seus passos e leitor do denso jornal que produz mensalmente. Tive até a honra de ser objeto de longa, e imerecida, entrevista. Não consigo entender onde foi que Azêdo se perdeu. Por que tamanho apego ao cargo, por que a recusa da alternância de poder que sempre pregamos.

É verdade que o saudoso Barbosa Lima Sobrinho permaneceu 22 anos no posto, mas eram outros tempos e o velho pernambucano era quase sinônimo das três letras. Azêdo, aliás, o criticava pela longa permanência e parece querer bater o recorde de permanência, já ultrapassando a metade da gestão de Barbosa Lima.

Entendo que Azêdo fique magoado quando vê velhos companheiros numa chapa de oposição. Entendo, ainda, que vete candidaturas de quem se afastou da ABI e até parou de pagá-la, embora fosse tradição a liberalidade de se botar tudo em dia para estar na chapa, o que, por sinal, valeu para seu grupo. Não entendo, porém, que Azêdo diga que alguns dos oposicionistas nada tenham a ver com a ABI, eu incluído. Tenho pouco, de fato, mas tenho, e num momento sombrio da história brasileira.

E apoio a oposição não por estar contra ele, Azêdo, mas por entender que a ABI precisa se abrir aos novos tempos e desfraldar novas bandeiras, sem o que envelhecerá e será apenas uma referência aos tempos da resistência.

Agora, chamar de "quinta coluna", como está no sítio da entidade, companheiros como Audálio Dantas, Alberto Dines, Milton Coelho da Graça, Domingos Meirelles, Carlos Chagas, Flávio Tavares, Jesus Chediak, Paulo Caruso, Ziraldo e Zuenir Ventura, todos da Chapa Vladimir Herzog, vergonhosamente impedida de concorrer, é uma ofensa dessas de fazer com que se perca o respeito por quem assim baixou o nível a tal ponto.

O que a ABI não pode ser é meio de vida para quem padece de caciquismo e nepotismo.

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Leia também o artigo de Audálio Dantas
 Uma ABI amordaçada



3 comentários:

  1. Estanislau Oliveiraquarta-feira, 22 maio, 2013

    Brilhante texto, Juca Kfouri. Grande abraço

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  2. VOLTO A AFIRMAR O QUE APRENDI DE MEU PROFESSOR SILVEIRA BUENO: "A CANETA, NAS MÃOS CERTAS, PODE MUITO MAIS QUE OS CANHÕES!"
    GÉSNER LAS CASAS
    RADIALISTA, ESCRITOR & JORNALISTA BRASILEIRO

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  3. os representantes políticos deveriam praticar; "NÃO CONCORDO COM UMA SÓ PALAVRAS DAS QUE PROFERES. MAS, DEFENDEREI ATÉ A MORTE O TEU DIREITOS DE DIZÊ-LAS."

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